Dia da Prematuridade – 17 de Novembro

3º post do nosso blog Tummy Time!

Um blog que existe por si, que é mãe e pai de uma criança extraordinária! Queremos ser um parceiro neste seu percurso. Pretendemos com este blog ir oferecendo informação e ferramentas que o vão apoiar um pouco mais nesta tarefa maravilhosa da parentalidade!

Neste post vai ficar a saber um pouco mais sobre os bebés pré-termo, as suas especificidades e necessidades.
Nos dias atuais, devido aos avanços na tecnologia médica, a taxa de sobreviventes de nascimentos pré-termo é cada vez maior, no entanto a incidência de disfunção e problemas no neurodesenvolvimento nestes bebés permanece alta e problemática. Segundo dados de 2014, todos os anos nascem em Portugal, 1000 bebés prematuros, por isso vamos saber um pouco mais sobre este tema tão sensível?

Bebés pré-termo, definição

A prematuridade ou pré-termo é um conceito utilizado para denominar crianças nascidas antes das 37 semanas completas de idade gestacional, calculadas a partir do primeiro dia do último ciclo menstrual. Os pré-termos podem ainda ser divididos por níveis de risco, nomeadamente, em leve (entre as 34 e as 36 semanas), em moderada (entre as 26 e as 33 semanas) ou severa (menor ou igual às 25 semanas).

Principais factores de risco

Embora existam algumas condições com maior probabilidade de se traduzirem em partos prematuros, só um terço das mulheres que têm filhos pré-termo apresentam fatores de risco possíveis de identificar. No entanto, existe um conjunto de fatores de risco para um parto pré-termo que está relacionado com uma assistência pré-natal inadequada, pré-eclâmpsia, tabagismo, idade gestacional inferior a 16 ou superior a 35,5 anos, polihidrâmios, incompatibilidade feto-pélvica, baixo nível socioeconómico, anemia e doenças maternas, gestação múltipla, infeções, complicações durante o parto, hemorragias, sofrimento fetal entre outros.

Principais diferenças no desenvolvimento de bebés de termo e pré-termo

Os bebés de termo, tendo completado as 40 semanas de desenvolvimento intrauterino, estão preparados para uma variedade de experiências sensoriais, incluindo experiências visuais, táteis, auditivas, quinestésicas, propriocetivas, olfativas e gustativas. Quando estas capacidades de processar informação sensorial interagem com um envolvimento saudável, ocorrem padrões apropriados de adaptação, aprendizagem e de desenvolvimento neuromotor.

Quando ocorre um parto prematuro, o bebé vai sofrer uma descontinuidade no processo de maturação, organização e mielinização do Sistema Nervoso Central. Para além disso, o ambiente intra-uterino providencia um input natural que é necessário para o desenvolvimento típico do Sistema nervoso Central e, quando uma criança nasce prematuramente, o seu desenvolvimento acontece sob a influência dos estímulos sensoriais externos que são consideravelmente diferentes dos intra-uterinos.

Os primeiros desafios do bebé pré-termo

Apesar de as unidades de cuidados intensivos terem um alto nível tecnológico e garantirem a sobrevivência destes bebés, são muito diferentes do ambiente intra-uterino, o que pode levar a um impacto comprometedor no futuro desenvolvimento e comportamento do bebé. Quando levado para a Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN), o bebé encontrará um meio extremamente diferente daquele onde vivia, pois deixa um ambiente acolhedor, aquático e encontra um lugar com nível sonoro alto, luzes fortes e contínuas. Além disso, o bebé passa a ser excessivamente manuseado, tanto para cuidados de rotina como para procedimentos invasivos.
A imaturidade de um recém-nascido, reflete-se na instabilidade dos sinais vitais, na incapacidade de modular respostas fisiológicas ao stress e ainda na desorganização do controlo dos estados de sono/vigília. Segundo Brazelton & Cramer (2000) o bebé prematuro demora mais tempo a adormecer, apresentando ciclos de sono mais curtos e uma acentuada incapacidade para se proteger dos estímulos, o que o leva a sentir dificuldades na passagem do sono leve ao sono profundo. Esta situação torna o bebé pré-termo mais irritável ou menos alerta, com menor capacidade de iniciar e manter interação com o meio.

Possíveis complicações no desenvolvimento do bebé pré-termo

Cerca de 15% dos recém-nascidos pré-termo apresentam sequelas significativas. Estas devem-se essencialmente ao facto do bebé pré-termo ter que se submeter às alterações fisiológicas decorrentes da transição da vida intra-uterina para a extra-uterina, com um desenvolvimento/maturidade incompleto por parte dos sistemas orgânicos, principalmente pulmonar e cerebral. Desta forma, existem múltiplas complicações que podem surgir, destacando-se a síndrome do desconforto respiratório, a apneia de prematuridade, a persistência do canal arterial, a enterocolite necrosante, a retinopatia de prematuridade, o refluxo gastroesofágico, a sépsis, a hemorragia intracraneana e a leucomalácia periventricular.

Desenvolvimento neurológico do bebé pré-termo

Os bebés pré-termos apresentam caraterísticas específicas no seu desenvolvimento neuromotor como, por exemplo, tónus muscular baixo, estando o padrão flexor (caraterístico do recém-nascido a termo) bastante diminuído. A redução do tempo em ambiente uterino contribui para a falta de flexão fisiológica, no entanto, também a força da gravidade que atua sobre a musculatura reforçando a postura em extensão. Os movimentos de membros superiores e inferiores são lentos e a resistência ao movimento passivo é fraca. Os bebés podem ainda apresentar alterações entre a musculatura flexora e extensora que irão interferir com as reações de equilíbrio, na não integração de alguns reflexos, na coordenação incluindo habilidades motoras grosseira e finas e na aquisição de competências como a marcha.

Potencialidades de desenvolvimento do bebé pré-termo

As alterações ou atrasos detetados precocemente podem ser transitórios e, eventualmente, desvanecerem-se com a maturação do Sistema Nervoso Central. Os bebés nascem com um grande potencial, e cabe aos profissionais de saúde fomentar o desenvolvimento do bebé e assegurar que o recém-nascido desenvolve ao máximo as suas potencialidades, de forma adequada.

Benefícios da intervenção precoce

Tendo por base uma visão holística, a intervenção interdisciplinar é aconselhada precocemente, e incluem: fisioterapia, terapia da fala, e outros apoios tais como a terapia ocupacional, a educação especial, ou a psicologia. De acordo com as necessidades especificas de cada criança, pois cada caso é um caso.
A investigação e a prática têm demonstrado que a intervenção tem benefícios tanto a curto como a longo prazo para o bebé e suas famílias. Desta forma, a intervenção precoce nestes bebés é essencial e deve focar uma combinação de fatores mecânicos, neurológicos, cognitivos e de percepção para além das contribuições ambientais. O terapeuta deve ser capaz de promover interações entre vários subsistemas de forma a promover a auto-organização da aprendizagem motora através de uma abordagem que permita experiências sensório-motoras variadas para o bebé. Mas para que a intervenção ocorra o mais precocemente possível e com o maior sucesso possível, deve-se ter em consideração o envolvimento parental como um fator fundamental no sucesso da intervenção precoce. Está comprovado que quando há a participação plena dos pais em programas de intervenção precoce, os ganhos da criança são superiores àqueles em que não houve envolvimento parental. A criança começa aprender desde que nasce, e o meio privilegiado dessas primeiras aprendizagens é a família e o seu meio social. Para que estes tenham um papel decisivo na educação dos filhos, os pais deverão ser treinados por especialistas, para aplicarem, com eficácia, um programa de intervenção do qual participem aquando da sua realização.

“As dificuldades são estímulos para quem sabe lutar.”

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